Detalhes do Projeto

Psicanálise aplicada e campo do sofrimento psíquico: fundamentos teóricos e dispositivo de análise

Pesquisa

Milena Maria Sarti

Diante de todo um multifacetado campo da saúde/doença mental, ao qual correspondem diferentes paradigmas epistemológicos e de cuidado e atenção (AMARANTE, 1995), é fácil reconhecermos a existência dos espaços privados e individuais de sentir e o alcance dos saberes-poderes (terapêuticas) que foram construídos socialmente para um tipo de sofrimento de natureza psíquica, próprio do advento moderno da experiência subjetiva de interioridade e de sofrimento individual (DANTAS, 2009). Porém, a prevalência de uma determinada forma (dis)cursiva do sofrimento, assente na população tanto nas suas formas de narrar como nas suas formas de viver o sofrimento e agir sobre ele nos chama a atenção. O encurtamento ou condensação das formas de linguagem que o campo social reserva ao sofrimento que se faz notar obscurece a natureza danificada, insuficiente e contingente dos lugares sociais de linguagem prestados à identificação, circulação e expressão do sofrimento psíquico (DUNKER, 2015). Com efeito, a questão central de investigação é o processo de cruzamento de dois campos, o psíquico e subjetivo e o sociocultural e político, na determinação de um terceiro, o do sofrimento psíquico. Dessa maneira, o projeto insere-se na problemática da psicanálise aplicada e complexifica tal cruzamento propondo para investigação teórica, de cunho bibliográfico: 1. A constituição do sujeito tal como entendida pela psicanálise a partir da relação deste com o campo do Outro (linguagem/simbólico) (LACAN, 1964) que lhe dá o estatuto de faltante/desejante e o estrutura como falante/dividido; 2. A natureza transitiva do sofrimento psíquico - que o faz transformar-se conforme é nomeado e ser dependente dos atos sociais de reconhecimento e referenciação (DUNKER, 2015).