Detalhes do Projeto

A escuta é terapêutica: diálogos online como prática de cuidado em saúde mental

Extensão

Laura Regia Oliveira Cordeiro

Permanente com relatórios anuais

No Brasil, desde a década de 1970, iniciou-se o movimento da Reforma Psiquiátrica que se consolidou com a lei 10216 em 2001. Esta permitiu mudanças nos modelos de assistências e a elaboração dos serviços que atualmente compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).O Centro de Atenção Psicossocial, nesse processo, foi o serviço substitutivo aos manicômios e visa uma nova abordagem voltada para a reabilitação biopsicossocial. Esta assistência biopsicossocial constitui um instrumento facilitador no cuidado em saúde mental, além de promover momentos de atendimento assistencial, educativo e (re)significativo para usuários e profissionais, uma vez que permite o encontro dos atores sociais do cuidar em saúde nos seus cenários - espaços de vida (MAGNO.2011). Com a pandemia do COVID19, as intervenções necessitaram de reconfiguração para manutenção de uma assistência adequada, uma vez que este é um momento de somar forças para prevenção e proteção dos sujeitos fragilizados em contexto domiciliar. Desta forma, os serviços desenvolveram atividades de “monitoramento” online dos casos e grupos de intervenções metapresenciais. Visando com isso, a manutenção da cobertura de usuários diante do aumento do fluxo de acolhimentos registrados nas unidades, a redução da circulação de pessoas e a substituição das atividades grupais suspensas, estes últimos também necessários na tentativa de redução de aglomerações em contexto pandêmico. Este projeto, portanto, tem por objetivo o fortalecimento dessa nova linha de cuidado online de saúde mental a partir do cenário da pandemia. Ou seja, objetivo geral é promover um elo entre a triangulação do contexto universitário (ensino, pesquisa e extensão) e os cenários de práticas de cuidado dos serviços e da comunidade a partir de atividades de escuta terapêutica aos usuários do CAPS (infantil), promovidas e elaboradas de forma remota pelos estudantes e pelos profissionais dos serviços. Trata-se de um projeto de extensão com atividade de caráter não presencial que objetiva a introdução de estudantes de graduação no cenário de cuidado de um Centro de Atenção Psicossocial (infantil) no município de Vitória da Conquista, a fim de que construir em conjunto com a equipe de saúde, atividades de cuidado em saúde mental de forma remota As atividades terão como referencial teórico o Construcionismo Social, baseado na Psicologia Social, cujo pressuposto básico é a construção de sentidos, a partir da esfera relacional, coexistente nas diversas práticas discursivas e em tempo e espaços específicos (SPINK,2013). A construção dessas atividades parte do desenvolvimento de dois planos de trabalho paralelos, mas que se interligam quando às demandas geradas e à esfera de discussão de estratégias para a construção de cuidado. 1. Plano-Monitoramento e manejo de cuidado integral: O bolsista irá juntamente com os técnicos de referência do serviço do CAPS ia e a orientadora realizar um monitoramento dos sujeitos em acompanhamento no serviço a partir de contato telefônico. Esse contato será sistematizado de acordo com o nível de gravidade do sofrimento mental dos sujeitos e do processo de vulnerabilidade – dados esses obtidos com a equipe que atuará em conjunto nas demandas sociais identificadas no monitoramento. No primeiro momento, o discente irá participar das reuniões online de equipe para estabelecerem vínculo com os profissionais. Posteriormente, os técnicos de referências dos serviços passarão para o estudante os contatos telefônicos e discutirão os casos, com os mesmo, para iniciarem os contatos com os usuários e suas famílias. Para este contato será elaborado junto à equipe um roteiro de possibilidade de diálogos que os discentes poderão estabelecer com as famílias. Após esses contatos o discente fará um registro em planilhas dos dados coletados e discutirá com o técnico de referência e a orientadora as necessidade identificadas, para possíveis intervenções da equipe, quando necessário. 2. Plano-Grupos Terapêuticos Online: O bolsista irá construir em conjunto com a equipe do serviço e a orientadora atividades de grupos terapêuticos online e realiza-los sobre supervisão com os usuários do serviço. Sendo, o público-alvo e as temáticas abordadas identificadas tanto nas demandas do plano de monitoramento online, quanto na rotina do serviço. Esses grupos serão construídos baseados nas experiências da literatura e dos técnicos dos serviços. A partir desses dois planos os bolsistas irão produzir juntamente com a equipe e orientadora momentos de discussões de caso e de teorizações acerca do cuidado em saúde no intuito de promover melhorias e (re)significações das práticas do serviço; tendo como base o monitoramento e os resultados alcançados com os grupos terapêuticos online. Além disso, essas ações conjuntas terão por objetivo possibilitar um espaço de escuta das demandas da própria equipe. Esses encontros serão realizados nas reuniões de equipe.