Detalhes do Projeto
Título | Rede Ajeum: Formação, Identidade e Fortalecimentos de Nutricionistas Negros
| ||||
---|---|---|---|---|---|
Tipo de Projeto | Extensão
| ||||
Coordenador(a) | Vivian Carla Honorato dos Santos de Carvalho
| ||||
Tipo de Extensão | Permanente com relatórios anuais
| ||||
| |||||
Resumo | Em 2016, o Conselho Federal dos Nutricionistas (CFN) realizou a pesquisa Inserção Profissional dos Nutricionistas no Brasil, nessa pesquisa foi divulgado que a profissão é predominantemente feminina (94,1%) e branca (68,6%), sendo isso visível quando buscamos nas redes sociais imagens do profissional que mantém esse padrão de gênero e raça, quase invizibilizando os 26,8% de profissionais negros presentes no estudo (CFN, 2018).
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, aprovada em 2006 pelo Conselho Nacional de Saúde, e instituída em 2009 pelo Ministério de Saúde, reconhece o racismo como papel fundamental na produção de iniquidades em saúde, destacando sua forma institucionalizada nos diferentes espaços, inclusive no Sistema Único de Saúde (Brasil, 2017). Políticas públicas também na área da educação inseriram os aspectos referentes a relação étnico-raciais como ponto a ser trabalhado nas matrizes curriculares nas universidades, além de que as Políticas de Ação Afirmativas ampliaram o acesso da população negra nos espaços acadêmicos (Hüning, Silva e Netto, 2021)
Entretanto, apenas a presença das políticas não resolve de forma condicionada o apagamento dessas questões dos currículos, seu espaço reduzido nos debates e os conflitos étnico-raciais no cotidiano das instituições educativas. Para fortalecer essas questões e buscar produzir um espaço de dialogo, o Colegiado do Curso de Nutrição do IMS/CAT/UFBA promoveu a roda de conversa: reflexão sobre a formação de nutricionistas pretos, que reuniu um número expressivo de profissionais e estudantes que legitimizaram a necessidade de estruturar um espaço para debate e fortalecimento das questões referentes a formação.
Com isso, os nutricionistas negros presentes na roda iniciaram um movimento de reunião e debate que promoveu a estruturação da Rede Ajeum. A rede é um espaço auto-organizado, composto por nutricionistas e estudantes de nutrição negras e negros. A rede se posiciona contra o racismo estrutural, em especial suas interseccionalidades, que impede o bem viver da população negra, além de acreditar na possibilidade de construção e fortalecimento de uma nutrição antirracista, antifascista, anticapitalista, antipatriarcal, equânime e justa, que esteja à serviço do povo, respeitando as necessidades individuais e coletivas, sendo assim, a rede luta pela garantia do acesso regular e permanente aos alimentos, em qualidade e quantidade suficientes, sem comprometer o acesso a nenhum outro bem.
São objetivos da Rede Ajeum:
- Propor formas de integração entre pesquisadores, profissionais, estudantes e sociedade civil sobre a saúde da população negra e o racismo institucional/estrutural, promovendo espaços para diálogos e produções;
- Contribuir com a divulgação do trabalho de nutricionistas e estudantes negros em seus campos de atuação;
- Tornar-se um núcleo de referência em temas endereçados à população negra: Antropologia alimentar, Soberania Alimentar, (In) Segurança alimentar e nutricional, saúde da população negra, gênero e sexualidade, mercado de trabalho, formações acadêmicas, especializações;
- Promover formação continuada de profissionais e estudantes negras(os) na área da saúde e ciências da nutrição (através de sessões científicas, discussão de artigos, filmes/documentários)
- Promover espaços de diálogo aberto ao público.
DIRETRIZES:
Com base na Política de Saúde Integral da População Negra e no Estatuto da Igualdade Racial, a Rede Ajeum possui as seguintes diretrizes:
- Estimular a participação dos seus integrantes e da juventude negra em Movimentos Sociais (Negro, Agroecológico, Estudantil, Sindical, entre outros) e nas instâncias de controle social das políticas públicas;
- Promover a produção e disseminação de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;
- Promover a disseminação de conhecimentos científicos e tecnológicos desenvolvidos pela população negra;
- Promover o reconhecimento dos saberes e práticas populares de saúde, incluindo aqueles preservados pelas religiões de matrizes africanas;
- Estimular processos de comunicação e educação, em diferentes espaços, que promovam a desconstrução de estigmas e preconceitos, o combate ao racismo e o fortalecimento da identidade negra positiva.
| ||||
Equipe Executora |